terça-feira, 20 de setembro de 2011

FOI SANGRENTA

Foi sangrenta toda a terra do homem.




Tempo, edificações, rotas, chuva,



apagam as constelações do crime,



o certo é que um planeta tão pequeno



foi mil vezes coberto pelo sangue,



guerra ou vingança, armadilha ou batalha,



caíram homens, foram devorados,



depois o esquecimento foi limpando



cada metro quadrado: alguma vez



um vago monumento mentiroso,



às vezes uma clausula de bronze,



depois conversações, nascimentos,



municipalidades, e o esquecimento.



Que artes temos para o extermínio



e que ciência para extirpar lembranças!



Está florido o que foi sangrento.



Preparar-se, rapazes,



para outra vez matar, morrer de novo



e cobrir com flores o sangue.



Pablo Neruda

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