Eras como nós, povo puro,
e quando pés descalços e sapatos,
camponês e soldado, na distância
marcharam defendendo
tua inteireza, vimos os rostos,
vimos as mãos
do que trabalha o ferro, nossas mãos,
e nos longo do caminhos distinguimos
os nomes do teu povo: eram os nossos.
Soavam de outro modo, mas sob
as sílabas agudas,
eram por fim os rostos e os passos
que com Mao marchavam
através do deserto e da neve
para preservar o germe
de nossa própria primavera.
Alto estava o gigante medindo passo a passo
seu arroz, seu pão, sua terra, sua morada,
e foi reconhecido pelos povos do mundo:
“Como cresceste de repente irmão.”
Mas também fitou o inimigo.
Cá dos bancos cinzentos de Nova York e a City
as algibeiras que ali se alimentam de sangue
se disseram com medo: Quem é este?
O tranqüilo gigante não respondeu: Olhava
as largas terras duras da China. Recolhia
com uma só mão todo o pesadume
e a miséria, e com a outra
mostrava o vermelho trigo de manhã,
tudo o que a terra entregaria,
e no seu grande rosto foi crescendo
um sorriso que ondulava o vento,
um sorriso como um cereal,
um sorriso como estrela de ouro
sobre todo sange derramado.
E assim se levantaram suas bandeiras.
Já os povos te viram limpar tua vasta terra,
unidade, furação na ameaça,
martelo sobre o mal, luz vencedora
sobre o velho inimigo, vitoriosa.
Pablo Neruda
- retirada do livro “As uvas e o vento” de 1954.
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